Cercando-se de alguns cuidados, é
possível levar uma existência mais feliz e saudável.
Você já se perguntou os motivos pelos quais uma pessoa que
tem tendências hereditárias a desenvolver determinado problema de saúde fica de
fato doente e outras não? Ou o que faz com que algumas sejam mais tranquilas e
vivam mais felizes do que outras? Ou se é possível prevenir males que estão à
espreita antes que eles se instalem de verdade? Especialistas em saúde
concordam que, em vários aspectos, a saúde de uma pessoa tem muito a ver com
seu estilo de vida. É por isso que a medicina preventiva, que, como o próprio
nome indica, atua na prevenção das doenças, e a integrada, que leva em conta
todos os aspectos do ser humano – como o corpo, a mente e o espírito –, podem
melhorar, e muito, a qualidade de vida das pessoas. Com um olho no futuro e o
outro fincado bem no aqui e agora é possível levar uma existência mais feliz e
saudável.
“A maior parte das doenças não transmissíveis, como pressão
alta, diabetes e problemas cardiovasculares está diretamente relacionada com os
hábitos de alimentação, sedentarismo, privação do sono e ganho de peso. Tudo
isso está associado ao adoecer”, explica a endocrinologista Maria de Fátima
Diniz, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com ela, os
fatores genéticos são importantes, mas o estilo de vida e o ambiente no qual
uma pessoa vive são determinantes no desenvolvimento de diversas doenças. Por
isso mesmo, as orientações sobre uma vida saudável em todos os aspectos devem
ser transmitidas desde a infância.
“A medicina preventiva existe há muito tempo, mas o que temos
visto hoje são crianças com problemas de adultos, como obesidade, colesterol
alto e hipertensão. Isso está ligado aos hábitos de vida desde a infância.
Problemas que antes eram somente de adultos, como o diabetes tipo 2, hoje estão
acometendo adolescentes”, observa Maria de Fátima. Ela explica que os maus
hábitos podem funcionar como um gatilho que detona o aparecimento de doenças em
pessoas que já têm predisposição para desenvolver determinado tipo de problema.
Com isso, muitas dificuldades com a saúde, que deveriam aparecer na faixa dos
70 anos, surgem mais cedo, adoecendo os jovens.
Em sua
rotina de trabalho, a intensivista, cardiologista e clínica Maria Aparecida
Braga, integrante da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva, convive
diariamente com pacientes em situações graves de saúde, muitas das quais
poderiam ser evitadas caso houvesse cuidado preventivo. “Essa é uma visão muito
real da nossa falta de cultura no que se refere aos cuidados com a saúde. Na
maior parte dos casos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) você recebe uma
pessoa numa situação de urgência que poderia ter sido evitada. E isso não se
limita a essa pessoa, mas a toda a sua família, que, naquele momento, concentra
suas preocupações no doente, esquecendo-se de que também poderia estar ali”,
observa.
CONFIANÇA
Segundo
ela, a maior parte das doenças que levam uma pessoa à UTI poderia ser evitada.
Na visão dela, a maior parte dos problemas graves de saúde poderiam ser
prevenidos ou amenizados se, no Brasil, houvesse uma cultura de cuidados com a
prevenção, o que envolve, inclusive, resolver questões emocionais decorrentes
da forma como se lida com a família e de como as pessoas estão integradas em
seu contexto.
“As coisas vão se acumulando e quando se olha para o problema
ele já tomou uma proporção grande demais. Se abster de fumar e de beber, cuidar
das questões emocionais, do carinho e da gentileza, fazer atividades físicas,
tudo isso diz respeito à saúde da pessoa, da família, da comunidade”, sustenta
a médica. Outro ponto importante, na visão dela, é o fato de os pacientes e as
famílias ignorarem os medicamentos que estão sendo tomados. “A gente pede para
a família preencher de próprio punho o que está ocorrendo com o doente, mas em
geral ninguém sabe dizer quais são as doenças e os medicamentos usados”,
revela. Nesse contexto, ela lamenta o fato de a referência de um médico da
família ter sido perdida.
“É preciso ter um médico de confiança para acompanhar as
doenças crônicas, as questões psicossociais, para orientar como proceder em
caso de necessidade de cirurgias, em questões do fim da vida, onde é preciso
ponderar o que é melhor, medidas de conforto ou o tratamento a qualquer preço”,
observa Maria Aparecida. Para a oncologista pediátrica Denise Tieme, que
integra o corpo clínico e é assistente de medicina integrativa do hospital
paulista Albert Einstein, a relação entre o paciente e os profissionais de
saúde é muito importante. Ela explica que a medicina integrativa faz uso de
todas as abordagens e técnicas terapêuticas, englobando a medicina
convencional, a tradicional e as técnicas complementares, com vistas à cura
total, e não somente das doenças. “O foco é na pessoa, mas a gente precisa
diferenciar o que é hereditário do que é genético, porque nem tudo que é
genético é hereditário”, alerta. De acordo com ela, hoje, os estudos conseguem
relacionar o estilo de vida, a dieta e a postura diante das dificuldades da
vida com as influências no organismo, relacionando os mecanismos fisiológicos
que o estresse acarreta e a facilidade de esses mecanismos levarem a alterações
genéticas que podem facilitar o ambiente para que uma doença apareça”, explica.
Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2015/08/21/noticia_saudeplena,154657/medicina-preventiva-pode-melhorar-e-muito-a-qualidade-de-vida-das-pessoas.shtml