sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Isolamento social como ameaça à saúde

A importância das relações sociais para a saúde física e psicológica vem sendo estudada há muitos anos. Abordagens teóricas e empíricas sugerem uma influência do padrão de relações sociais de um indivíduo sobre sua saúde.
Uma pesquisa recentemente publicada na revista científica American Journal of Public Health testou a hipótese desta influência utilizando metodologia científica adequada. Com o objetivo de explorar a relação entre isolamento social e mortalidade, um grupo de pesquisadores americanos analisou dados de mais de 16 mil pessoas. Foi usado um índice de relações sociais para medir o isolamento social. Neste índice são consideradas quatro variáveis:
- se a pessoa é casada; 
- contato com outras pessoas;
- participação em atividades religiosas;
- participação em atividades de clubes ou outras organizações.
Os escores variaram de 0 a 4 conforme a presença ou ausência de cada um dos quatro itens. A nota 0 representava o maior isolamento social e a nota 4 o menor isolamento social.
Os resultados demonstraram que pessoas com maior isolamento social apresentam um risco maior de mortalidade por qualquer causa, quando comparados com as pessoas de menor isolamento social. Foi observado também um gradiente no risco, com maior isolamento associado a maior risco de morte.
Além disso, este fator de risco apresentou a mesma intensidade de outros fatores de risco, tradicionalmente avaliados na clínica médica como preditores de morte prematura, dentre eles fumo e hipertensão arterial.
Além de servir como um potente marcador de saúde (comparável a fumo e hipertensão) para avaliações clínicas, por ser um fator de risco modificável, o isolamento social pode sofrer ações de prevenção, com resultados de médio e longo prazo positivos para a saúde, similares a deixar de fumar e controlar a pressão arterial.
Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
  • - American Journal of Public Health - Published online September 12, 2013. doi: 10.2105/AJPH.2013.301261

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Bactérias intestinais e obesidade

A obesidade é uma doença associada a uma alta ingestão energética e uma das principais abordagens de seu tratamento é a restrição calórica. Muitos estudos estão em andamento sobre os mecanismos que levam algumas pessoas a desenvolver obesidade e outras não. Aspectos de estilo de vida, sócio-culturais e econômicos certamente têm uma contribuição importante. Alterações em mecanismos neuroendócrinos que atuam no circuito de recompensa no cérebro, o que leva a caracterizar a obesidade como um tipo de adição, também têm sido propostas como fator associado à obesidade.
Recentemente tem surgido uma nova perspectiva de compreensão dos mecanismos que levam à obesidade. Essa nova abordagem está vinculada às recentes descobertas indicando uma grande quantidade e diversidade na composição dos microrganismos que habitam o organismo humano. Os resultados de um projeto internacional (Human Microbiome Project Consortium) que visa caracterizar o “segundo genoma humano” – chamado de microbioma humano – demonstram que este microbioma consiste em mais de 10.000 espécies de micróbios, abrangendo 8 milhões de genes microbianos. Estima-se que em uma pessoa pesando 90 kg, de 3 a 6 kg sejam micróbios, a maior parte deles coexistindo saudavelmente com os humanos e resultando em benefícios mútuos.
Pois parte dessas bactérias habitam o sistema digestivo e parecem influenciar o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade. Pessoas que têm maior facilidade de engordar apresentam em seu trato intestinal um maior nível de certas espécies de bactérias quando comparados com indivíduos magros. O intestino, sendo o órgão onde o alimento é processado e absorvido, desempenha um papel crucial no ganho e na perda de peso.
Além disso, os dados também sugerem que o tipo de alimento influencia decisivamente o padrão do microbioma intestinal. Dessa forma, a dieta ocidental vigente, com alto conteúdo de gordura saturada, carboidratos simples e alimentos refinados, colaboraria para o desenvolvimento de um microbioma intestinal que predispõe à obesidade, enquanto os alimentos integrais e ricos em fibras favoreceriam o microbioma contrário à obesidade.
Mesmo que não se saibam os mecanismos exatos pelos quais estas bactérias regulam a absorção energética, estes resultados indicam uma complexa interação entre o ser humano e a natureza, incluindo, além dos conhecidos ecossistemas externos, um novo e inexplorado ecossistema interno.
Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
  • - Science 341, (2013); 6 SEPTEMBER 2013 - DOI: 10.1126/science.1241214
  • - Nature - 29 AUGUST 2013 | VOL 500; 585
  • - Nature - 14 JUNE 2012 | VOL 486; 223

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Acupuntura pode auxiliar no tratamento da depressão

Depressão é uma doença que afeta um grande número de pessoas de todas as idades no mundo todo. As principais manifestações da doença são relacionadas a alterações do humor, podendo a pessoa apresentar uma série de sintomas em diferentes intensidades. Caracteriza-se por uma sensação de desânimo (disforia) na maior parte dos dias, normalmente acompanhada por um sofrimento mental e uma incapacidade de sentir prazer (anedonia), com uma perda de interesse generalizada pelas coisas. Alguns dos sintomas mais comuns podem ser a irritabilidade, problemas de sono (insônia ou dormir demais), alterações do apetite (ganho ou perda de peso), cansaço e falta de energia, dificuldades de concentração, sensação de culpa, desesperança, baixa autoestima, pensamentos repetidos de morte ou suicídio.
A depressão pode ser tratada com medicamentos e/ou psicoterapia. Alguns aspectos relacionados ao estilo de vida podem contribuir para o tratamento, como exercícios físicos regulares, alimentação adequada e evitar álcool e drogas. Uma abordagem que pode ser complementar ao tratamento é a acupuntura, porém, estudos prévios com o uso da acupuntura foram inconclusivos devido a limitações metodológicas.
Pois no final de setembro foi publicada uma nova pesquisa na revista científica PLOS Medicine, mais consistente e que supera as limitações metodológicas anteriores. Trata-se de um ensaio clínico randomizado que comparou:
· acupuntura + cuidado padrão
· psicoterapia + cuidado padrão
· cuidado padrão exclusivamente
em pacientes com depressão. Os que receberam acupuntura e psicoterapia continuaram recebendo o tratamento medicamentoso usual do cuidado padrão.
Os resultados evidenciam que tanto a acupuntura como a psicoterapia estão independentemente associadas a uma redução dos sintomas de depressão a curto e médio prazo, quando comparados com o cuidado padrão, não apresentando efeitos adversos relevantes.
Os pesquisadores salientam que estas duas alternativas terapêuticas não substituem a abordagem farmacológica convencional, sendo, no entanto, ótimos auxiliares no tratamento da depressão.
Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
- PLOS Medicine - www.plosmedicine.org - September 2013 | Volume 10 | Issue 9 | e1001518

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Canela como suplemento alimentar pode auxiliar no controle da glicemia em diabéticos

O controle do açúcar no sangue (glicemia) é um dos principais objetivos a ser alcançado no tratamento da diabete tipo II. A glicemia elevada influencia o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, que é uma das principais complicações da diabete. As estratégias utilizadas até agora para controlar a glicemia incluem o uso de fármacos, intervenções no estilo de vida e modificações na alimentação.
Apesar de alguns estudos apontarem uma série de suplementos naturais como benéficos para o tratamento da diabete, o uso desses suplementos não é recomendado pela Associação Americana de Diabete devido à insuficiência de evidências clínicas mostrando a sua eficácia. Estudos recentes, entretanto, estão suprindo esta insuficiência. A maior parte deles tem concentrado suas atenções na canela (Cinnamomum cássia), ingrediente alimentar natural muito antigo e comum em todo o mundo.
No último mês de setembro foi publicada na revista científica Annals of Family Medicine uma pesquisa que utilizou como metodologia a metanálise, que consiste do agrupamento e análise de resultados de diferentes estudos abordando o mesmo tema. A avaliação dos resultados em grupo geralmente confere mais consistência às conclusões.
Esta metanálise agrupou 10 ensaios clínicos randomizados que comparavam grupos de pacientes diabéticos que ingeriram canela em pó ou em cápsulas versus diabéticos que não ingeriram. Em um período que variou, conforme o estudo, de 4 a 18 semanas de tratamento, os pacientes que ingeriram canela tiveram uma redução significativa da glicemia. Além disso, apresentaram uma melhora no perfil lipídico, com uma redução do colesterol total, triglicerídeos e LDL (colesterol ruim) e um aumento no HDL (colesterol bom).
Esses efeitos têm sido atribuídos ao princípio ativo da canela (cinamaldeído), que agiria em diferentes fases da regulação do principal controlador fisiológico da glicemia, o hormônio insulina, melhorando a eficiência da secreção e da ação deste hormônio nas células. A consequência dessa maior eficiência é uma redução do açúcar no sangue e uma melhora no padrão das gorduras circulantes.
Os pesquisadores salientam que o uso de 1 a 6 gramas por dia de canela (uma colher de chá contém aproximadamente 3 gramas) na alimentação pode ser um auxiliar no tratamento da diabete, sem ser, no entanto, um substituto da medicação prescrita pelo médico.
Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
- Annals of Family Medicine 2013;452-459. doi:10.1370/afm.1517.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Quando a perda de memória com a idade não representa demência

Quantos de nós, principalmente aqueles que já passaram dos 50, não experimentaram a situação de estar com um nome de pessoa ou objeto conhecido na ponta da língua e não conseguir lembrar, situação essa popularmente conhecida como “deu um branco”? Muitas vezes isto traz preocupação para as pessoas de mais idade, pois consideram esses lapsos como um sinal de declínio da memória e os associam com a possibilidade de estarem iniciando um processo de demência.
Na semana passada foi publicado online uma pesquisa na revista científica Psychological Science, onde foi conduzido um estudo para testar se esses lapsos eventuais de memória estão relacionados com um declínio da memória como um todo, o que poderia ser um sinal de início de um processo de demência.
O estudo foi realizado em 718 adultos de 18 a 99 anos. Foram feitos testes para avaliar dois tipos de lapsos de memória onde foram computados escores:
  • - o primeiro é a experiência referida pelos pesquisadores como memória “está na ponta da língua”, que é relacionada com nomes de pessoas ou objetos que o indivíduo declarava conhecer, porém não lembrava no momento (“deu um branco”);

  • - o segundo são os lapsos de memória episódica, que é relacionada à lembrança de eventos da vida do próprio indivíduo, sendo este é o tipo de avaliação frequentemente usado para o diagnostico de demência.
Foi considerado e ajustado aos resultados o fato que indivíduos mais velhos têm uma bagagem de conhecimento maior, e por isso têm mais chances de apresentar os lapsos do tipo “está na ponta da língua”.
Os resultados demonstraram que os lapsos do tipo “está na ponta da língua” são mais comuns à medida que o indivíduo envelhece, o que os deixa bastante frustrados. Entretanto, isto parece não estar associado com um problema de memória associado com uma demência iminente, já que o declínio da memória episódica não está significativamente relacionado com o aumento dos lapsos do tipo “está na ponta da língua”.
A conclusão dos pesquisadores indica que tanto o aumento dos lapsos do tipo “está na ponta da língua”, quanto o declínio da memória episódica, estão relacionados com a idade, e representam, ao menos parcialmente, fenômenos independentes.
Então, se desde ontem está na ponta da língua o nome daquele artista famoso e não conseguimos lembrar, não nos preocupemos. Segundo estes dados, isto não é um sinal de demência. É um sinal de que estamos ficando um pouco mais velhos.
Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
- Psychological Science Online, October 8, 2013 - doi:10.1177/0956797613495881.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Ar poluído provoca câncer

A Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (divisão da Organização Mundial da Saúde especializada em câncer e a sigla em inglês é IARC) publicou no dia 17 de outubro um documento em que classifica oficialmente a poluição do ar como um agente carcinogênico para humanos.
Após uma ampla avaliação dos dados científicos disponíveis, um grupo de trabalho formado por pesquisadores de vários países concluiu que existem evidências suficientes comprovando que a exposição ao ar atmosférico provoca câncer de pulmão. Foram revisados milhares de estudos sobre poluição do ar que acompanharam, por décadas, populações expostas. Além disso, foram consideradas pesquisas em que animais eram expostos à poluição. Só no ano de 2010, 223 mil pessoas morreram de câncer de pulmão em todo o mundo, provocado pela poluição do ar. Além disso, a poluição está associada com o aumento do risco do câncer de bexiga.
Embora a composição dos poluentes e os níveis de exposição variem drasticamente entre diferentes locais, a conclusão do grupo de trabalho se aplica a todas as regiões do mundo. Dependendo do nível de exposição, o risco de desenvolver câncer de pulmão de quem respira ar poluído é similar ao de um fumante passivo (aquele que não fuma, mas inala constantemente fumaça de cigarro produzida por um fumante próximo).
Os estudos indicam também que nos últimos anos há um aumento crescente nos níveis de exposição à poluição, mais notado nos países de grandes populações e que experimentaram um processo recente de rápida industrialização. A avaliação não se concentrou em poluentes específicos e sim no ar que todo mundo respira nos grandes centros urbanos. As principais fontes de poluição são a combustão dos meios de transporte, produção de energia, emissões industriais, agrícolas e residenciais.
Esta classificação coloca a poluição do ar ao lado de mais de 100 substâncias que sabidamente causam câncer, como asbesto, pó de sílica, radiação ultravioleta, plutônio e cigarro. O estudo conclui ainda, que a poluição do ar é, hoje, a principal causa ambiental de mortes por câncer.
Levando em conta que a manifestação de um câncer pode ocorrer duas, três ou mesmo, quatro décadas após o início da exposição à poluição, e, considerando a recente urbanização e industrialização, é de se esperar, para os próximos anos, um crescente aumento da incidência desta doença.
Esta perspectiva sombria ressalta ainda mais a necessidade de esforços conjuntos para reduzir-se a poluição ambiental, tanto com políticas de governos, quanto com atitudes individuais, que busquem meios de vida menos agressivos ao ar ambiente.
Fontes
  • - International Agency for Research on Cancer – World Health Organization – Press Release 221.
  • - IARC Scientific Publication N° 161 – Air Pollution and Cancer

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Atividades domésticas prolongam a vida e diminuem o risco de doença cardíaca em adultos com mais de 60 anos.

O sedentarismo, que tem aumentado na época moderna, é caracterizado pelo tempo prolongado que a pessoa fica sentada com pouca contração nos grandes grupos musculares. Esta inatividade está claramente associada a um maior risco de várias doenças como diabete e doença cardíaca, assim como a uma maior mortalidade em geral. Por outro lado, é evidente a importância do exercício regular para a saúde e longevidade. Para um estilo de vida saudável, são recomendados 150 minutos por semana de atividade física moderada.
Pouco é conhecido sobre os efeitos na saúde da atividade física não intencional, aquela decorrente de atividades como arrumar a casa, jardinagem, pequenos consertos domésticos e passatempos do tipo faça você mesmo. Pois uma pesquisa, publicada por cientistas suecos na revista British Journal of Sports Medicine, demonstra claramente os benefícios produzidos por este tipo de atividade, principalmente em pessoas com mais de 60 anos. Se estima que uma pessoa possa queimar seis vezes mais energia por minuto arrumando a casa do que quando ela está sentada.
O estudo avaliou 3839 pessoas nascidas nos anos de 1937 e 1938. Quanto mais atividades domésticas a pessoa realizava durante o dia, menos tempo ela ficava sentada (por exemplo, em frente à TV ou ao computador) e vice-versa. As pessoas com mais tempo ocupado com atividades domésticas tiveram uma redução de até 30% no risco de desenvolver problemas cardiovasculares, bem como apresentaram maior longevidade.
Interessante que esta atividade física não intencional teve, sobre a saúde, um impacto semelhante ao do exercício físico regular, sendo um fator positivo independente do exercício físico regular, e essas atividades do dia-a-dia são tão importantes para a saúde quanto o exercício intencional. Por sua vez, as pessoas que somam os dois tipos de atividade, exercício regular e atividade física não intencional, apresentaram resultados ainda melhores.
Os resultados deste trabalho servem de alerta e de encorajamento para pessoas de todas as idades para que levantem do sofá e saiam da frente do computador e da TV. Vamos cozinhar, arrumar, reformar, jardinar, evitar os elevadores, máquinas e serviços terceirizados. Quanto mais fizermos as nossas coisas do dia-a-dia, melhor para nossa saúde.
Ah, e não se esqueça dos 150 minutos por semana do exercício regular. Tudo isto é de graça.
Fonte
- British Journal of Sports Medicine online October 28 - 2013; doi:10.1136/bjsports-2012-092038

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Exercício e depressão

A atividade física regular traz benefícios incontestáveis à saúde. A maior parte destes benefícios já tem comprovação científica, como a redução de mortalidade por qualquer causa, a redução do risco cardiovascular e de acidente vascular cerebral, bem como a redução do risco de alguns tipos de câncer.
No entanto, o efeito do exercício sobre a depressão ainda não está completamente esclarecido, apesar de alguns estudos indicarem um benefício.
A principal questão envolvida na relação exercício - depressão é a associação bidirecional dos componentes, o que impõe limitações à interpretação da maior parte dos estudos. Indivíduos deprimidos têm menor probabilidade de praticar atividade física regular e isto produz um viés quando se associa frequência de atividade física com sintomas de depressão num período curto de tempo. Em geral, as associações apontam para uma relação positiva, ou seja, as pessoas que se exercitam mais têm menos depressão. Porém, pode-se interpretar isto também pelo outro lado da questão, que as pessoas que se exercitam mais o fazem porque têm menos depressão. A depressão pode desabilitar o indivíduo para a atividade física e, portanto, uma indicação de direção da associação fica muito menos clara.
Uma forma de superar, ou pelo menos diminuir, esta dificuldade metodológica é produzir estudos prospectivos onde um grande grupo de pessoas é acompanhado por um longo período de tempo.
Uma pesquisa deste tipo teve os seus resultados publicados no dia 15 de outubro na edição online da revista científica americana JAMA Psychiatry. Cerca de 11 mil pessoas nascidas em uma mesma semana do ano de 1958 na Grã Bretanha foram acompanhadas até o ano de 2008 quando completaram 50 anos. O grupo foi avaliado por quase três décadas, com exames específicos aos 23, 33, 42 e 50 anos. A depressão foi medida por uma escala de sintomas e a frequência de atividade física por meio de questionário.
Os resultados, após análise estatística, demonstraram que as pessoas que se exercitavam mais tiveram menos sintomas de depressão. O aumento de atividade física nas pessoas inativas de qualquer idade também foi associado a uma redução dos sintomas de depressão nos anos subsequentes.
Apesar do estudo não provar uma relação direta de causa e efeito, os achados sugerem que a atividade física pode diminuir os sintomas de depressão na população em geral. Além disso, o estudo sugere também que a depressão no início da vida adulta pode ser um empecilho para o indivíduo desenvolver uma atividade física regular.
Fonte
-JAMA Psychiatry. doi:10.1001/jamapsychiatry.2014.1240 - Published online October 15, 2014.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Jantar em família reduz o risco de obesidade em crianças e adultos

Os padrões das refeições na sociedade urbanizada atual mudaram bastante em relação a um passado relativamente recente, tanto na forma quanto no conteúdo. As dificuldades de deslocamento têm obrigado, já faz algum tempo, às pessoas almoçarem fora de casa nas grandes cidades. Por sua vez, a industrialização dos alimentos, a tecnologia e a avalanche de mídias - internet e seus derivados, celulares e seus aplicativos, computadores e seus programas e TVs com centenas de canais - reduziram o jantar de grande parte das famílias a um bip do aparelho de micro-ondas, onde o alimento do pacote, previamente preparado por terceiros e congelado, vai ser ingerido individualmente no quarto com seus aparelhos eletrônicos, ou mesmo na sala ou na cozinha em frente a uma TV. Um ato solitário, onde as notícias do mundo ou a novela parecem ter mais importância que as notícias da família.
Já há alguns anos vários estudos científicos têm avaliado as consequências deste novo padrão sobre diversos aspectos do desenvolvimento de crianças e adolescentes, desde a saúde até a socialização. No mês de outubro foi publicada uma nova pesquisa que analisa o risco de obesidade em crianças e adultos conforme o ambiente e a forma que é realizado o jantar. Foi examinada, em 190 pais e 148 crianças, a relação entre os hábitos familiares do jantar com o índice de massa corporal (IMC), que é um indicador de sobrepeso e obesidade. Alguns estudos já haviam demonstrado que o IMC é sensível a outros fatores de estilo de vida, como atividade física, tomar café da manhã todos os dias e padrão de renda. Algumas questões da pesquisa, dentre outras, dirigidas aos pais, eram sobre quantos dias, em uma semana típica, eles participavam do jantar com os filhos, se conversavam como tinha sido o seu dia e se a TV estava ligada durante o jantar. A atenção do estudo não se concentrou no alimento em si, mas na socialização envolvida no ato de jantar em família.
Os resultados demonstraram que os adultos e crianças de famílias que se reúnem na sala de jantar ou na cozinha para comer, que ficam na mesa até a última pessoa terminar e que mantém a TV desligada durante o jantar, têm menor IMC, ou seja, são mais magras. Comer em qualquer outro lugar que não a cozinha ou sala de jantar está associado a um maior índice de massa corporal, tanto em adultos quanto em crianças.
Uma interpretação dada pelos pesquisadores a estes resultados é que a forte e positiva socialização durante o ato do jantar familiar pode sobrepor a necessidade da criança comer demais. Entretanto, a ligação entre os hábitos do jantar e o IMC não significa, necessariamente, que um seja diretamente causador do outro, porém a associação entre um e outro ficou bem estabelecida.
Mesmo que as razões desta relação não sejam ainda claras, o jantar se apresenta como um importante aliado na prevenção da obesidade e na sensação de bem-estar, do presente e do futuro, com o seu ritual familiar, na sala ou na cozinha, e com os aparelhos eletrônicos desligados, onde pais e filhos conversam sobre as coisas boas e ruins que aconteceram a cada um naquele dia e as coisas que se planejam para amanhã – como nos velhos tempos.
Fonte
- Obesity , 2013 October 1. - doi: 10.1002/oby.20629.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mentiras

Existem 05 mentiras que a indústria da alimentação vem contando para nós há muito tempo que eu gostaria de denunciar aqui.

Refere-se à água, manteiga vegetal, óleo de cozinha e sucos.

A ÁGUA ideal para consumo humano tem que ter PH igual ou superior a 7, que é próximo ao PH do nosso sangue, que gira em torno de 7,36 a 7,42. A maioria das marcas disponíveis tem PH inferior a 7, água com PH ácido que só serve para limpeza. Encontrei duas marcas com PH acima de 7: Cristal, da Coca-Cola e Pureza Vital, da Nestlé.

O LEITE de vaca não é a melhor e maior fonte de cálcio da natureza. O brócolis, a sardinha, o espinafre, a semente de gergelim e o grão de bico contém bem mais cálcio e não é divulgado.
Para o Leite não estragar na gôndola do supermercado é adicionado uma quantidade grande de conservantes. Naturalmente o leite da vaca seria para o bezerro e não para o consumo humano. Artificialmente a vaca é estimulada a produzir leite todos os dias.

O ÓLEO DE COZINHA e até mesmo o azeite, aquecidos produz gordura do tipo trans que dá origem aos radicais livres. Livre-se deste veneno! Consuma azeite virgem em temperatura ambiente, armazenado em garrafa de vidro escuro.

Aqueles SUCOS do tipo DelValle, Sufresh e similares não são sucos! São uma mistura de água, açúcar e suco de fruta. Por este motivo não podem divulgar na embalagem a palavra SUCO em sim NÉCTAR, assim como os refrigerantes, são bombas de açúcar.

A GORDURA VEGETAL hidrogenada é pior que a gordura saturada. Ela está presente nas margarinas, no recheio das bolachas e até no sorvete. Fique atento(a)!

Por favor, faça estas informações chegarem ao maior número possível de pessoas.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Curiosidade pode aumentar a memória

Grande parte das coisas corriqueiras de um dia normal de uma pessoa são esquecidas. Por outro lado, alguns eventos e situações ficam na memória e são facilmente lembradas por muito tempo. Uma questão sempre levantada pelos pesquisadores desta área do conhecimento é: - O que diferencia as situações em que eventos são lembrados das situações que são esquecidos?
De uma maneira geral as pessoas lembram e aprendem com mais facilidade assuntos que interessam a elas, o que sugere que a motivação e a curiosidade - que é uma forma de motivação - são aspectos importantes no aprendizado e formação da memória. Esta constatação empírica é, no entanto, pouco entendida quanto aos seus mecanismos.
Este entendimento ficou mais próximo a partir dos resultados de uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Neuron. Em uma primeira fase do experimento um grupo de um total de 28 pessoas foi apresentado à diversas perguntas triviais em que o participante quantificava qual a probabilidade dele saber a resposta e o seu grau de curiosidade de saber a resposta.
Na segunda fase do experimento, as perguntas que os participantes tiveram baixa probabilidade de saber a resposta foram classificadas como de alta curiosidade ou baixa curiosidade e aplicada enquanto o participante se submetia a um exame de imagem dinâmico, chamado de ressonância magnética funcional, que indica quais regiões do cérebro são ativadas em determinada situação.
Entre as questões eram mostradas figuras neutras de pessoas.
Os pesquisadores investigaram quais regiões cerebrais eram recrutadas enquanto o individuo respondia às questões, relacionando as regiões com o grau de curiosidade. A fase final consistiu-se de um teste surpresa de memória em que eram apresentadas novamente as mesmas perguntas e as figuras das faces.
Os resultados revelaram que os participantes lembraram mais das perguntas que eles tinham maior curiosidade e, além disso, lembraram mais das figuras incidentais que estavam associadas às perguntas de maior curiosidade.
Por sua vez, a análise de imagem mostrou que as perguntas de maior curiosidade ativaram uma região do cérebro que funciona como sistema de recompensa - chamada de núcleo acumbens - e uma região, chamada de hipocampo, que é a responsável pela formação de novas memórias. Além disso, mostrou uma forte interação funcional entre estas duas regiões.
Apesar de ser um trabalho com uma abordagem metodológica relativamente complexa, o conjunto de seus resultados é bastante claro e confirma a hipótese motivacional do aprendizado. E vai mais além, ao demonstrar que o mecanismo está relacionado com a ativação de um circuito cerebral de recompensa na situação de curiosidade e que, interagindo com o centro formador de memórias, coloca o cérebro em uma condição fisiológica mais propícia para aprender e reter novas informações, sejam elas a origem da curiosidade ou simplesmente estejam temporalmente associadas a um estado de curiosidade.
Despertar a curiosidade de quem está aprendendo pode facilitar o aprendizado não só daquela curiosidade, mas também de todas as informações, raciocínios, práticas e habilidades que estão associados a ela.
Isto pode servir de estratégia formal para professores, instrutores, tutores e mestres em geral, no processo ensino-aprendizado, como também para aqueles que, com mais idade, queiram manter a memória em dia.
Fonte
-Neuron 84, 1-11, October 22, 2014, http://dx.doi.org/10.1016/j.neuron.2014.08.060

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Novas diretrizes para controle do colesterol e prevenção de doença cardíaca

Foi lançado no dia 12 de novembro o novo guia de diretrizes para controle do colesterol e prevenção de doenças cardiovasculares, produzido em conjunto pela Associação Americana do Coração e pelo Colégio Americano de Cardiologia. Por estas novas diretrizes, haverá, segundo alguns especialistas, uma grande expansão no número de pessoas que serão medicadas com fármacos que baixam o colesterol, as chamadas estatinas.
A mudança mais importante das novas diretrizes é que a concentração de colesterol no sangue (colesterol total incluindo LDL ou “colesterol ruim”) deixa de ser o principal fator para determinar o uso das estatinas. Pelo novo guia as pessoas que são aconselhadas a receber estatinas são:
  • a) as que já têm doença do coração,
  • b) as que têm o LDL sanguíneo igual ou maior que 190 mg%,
  • c) as que têm diabete tipo 2 na meia idade e, por fim,
  • d) as pessoas de 40 a 75 anos (sem doença cardíaca ou diabete e com LDL abaixo de 190 mg%) que têm um risco estimado de 7,5% de ter doença cardíaca nos próximos 10 anos.
Esta estimativa de risco é feita por meio de um programa que acompanha o guia de diretrizes e pode ser acessado online. Os fatores considerados no programa para a estimativa de risco são: sexo, idade, etnia (afrodescendente ou branco e outros), colesterol total, colesterol bom (HDL), pressão sistólica (a mais alta das duas que são medidas), se recebe tratamento para pressão alta ou não, se é diabético ou não e se é fumante ou não.
A principal polêmica criada em torno das novas diretrizes diz respeito a este último critério (d) para prescrição de estatinas, que é a estimativa de risco nos próximos 10 anos nas pessoas de 40 a 75 anos. A principal crítica feita por alguns especialistas é que o programa superestima o risco cardíaco, o que levará milhões de pessoas absolutamente saudáveis a tomar o medicamento.
Os autores das diretrizes, por sua vez, minimizam as críticas ao programa de estimativa de risco, e o classificam como uma ferramenta simples e que serve de alerta, identificando quem deve procurar um aconselhamento médico e não como uma ordem para que a pessoa tome estatina. Os autores salientam também que esta revisão no manejo do colesterol sugere que o tratamento deve ser individualizado, pessoas com maior risco devem receber maiores doses e estatinas mais potentes do que as pessoas de menor risco.
Estas controvérsias podem ter um efeito colateral negativo importante, que é o de tirar a atenção dos dois principais fatores de prevenção da doença cardiovascular e de redução do colesterol: - o estilo de vida e o controle de peso.
Estes dois aspectos mereceram, cada um, um guia de diretrizes independente, lançados em conjunto com o guia do colesterol/estatinas. As recomendações de estilo de vida (atividade física e alimentação saudável) e controle de peso podem (e devem) ser aplicadas também em pessoas saudáveis, e não têm efeitos colaterais. No entanto, são de graça e não custam nada. Talvez aí esteja o problema.
Fontes
  • - 2013 ACC/AHA Guideline on the Treatment of Blood Cholesterol to Reduce Atherosclerotic Cardiovascular Risk in Adults -
    http://circ.ahajournals.org/lookup/suppl/doi:10.1161/01.cir.0000437738.63853.7a/-/DC1.
  • - Cholesterol Guidelines Under Attack - ShareBy THE EDITORIAL BOARD - The New York Times - November 18, 2013

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Como ter uma alimentação saudável comendo em Buffet

Definitivamente a urbanização tomou conta do mundo. Um dos aspectos da urbanização que traz mais impacto à saúde é o da alimentação. As longas distâncias que separam a casa do trabalho, associado aos problemas de mobilidade urbana, obrigam as pessoas a comer fora de casa e poucos são os que têm disponibilidade de preparar seu almoço no dia anterior. A opção para muitos é o restaurante que oferece Buffet, que apresenta uma diversidade de opções com preços razoáveis.
Mas esta é uma alimentação saudável? Bem, é verdade que cada vez mais os restaurantes têm ampliado as opções saudáveis, com mais itens de saladas, cereais, frutas e vegetais. Mas as frituras e os alimentos ricos em carboidratos e gorduras continuam muito presentes. A escolha do que comer diante de tantas opções passa a ser um problema e experimentar um pouco de tudo pode não ser a melhor solução.
Uma pesquisa recente propôs estudar o comportamento de escolha dos alimentos pelas pessoas, conforme a disposição dos tipos de alimentos na mesa do Buffet. No estudo, publicado na revista científica PLoS One, os pesquisadores ofereceram duas mesas de Buffet de um café da manhã de estilo americano (incluía os mesmos 7 itens nas duas mesas: omelete de queijo, batatas, bacon, bolo de canela, granola com baixa gordura, iogurte desnatado e frutas) para 124 pessoas participantes de uma conferência, divididas em dois grupos. Cada uma das duas mesas apresentava os mesmos alimentos, só que em ordem inversa (dos menos saudáveis aos mais saudáveis e vice-versa). Em uma mesa os participantes encontravam os alimentos saudáveis primeiro, enquanto na segunda mesa os alimentos menos saudáveis de alta caloria iniciavam a mesa. Os pesquisadores registraram o que os participantes escolhiam em cada uma delas.
O estudo revelou alguns resultados curiosos e interessantes e, talvez, muito importantes para guiar nossas escolhas nos buffets. Na mesa em que os alimentos saudáveis aparecem primeiro, 86% dos participantes selecionaram fruta (que estava no início). Entretanto, quando os alimentos menos saudáveis apareceram primeiro, somente 54% escolheram fruta (que estava no final da mesa). Da mesma forma, quando os alimentos menos saudáveis apareciam primeiro, 75% escolheram omelete de queijo, enquanto somente 29% escolheram este item quando os saudáveis apareciam primeiro. Além disso, foi constatado que 66 por cento do total do prato é composto pelos três primeiros itens da mesa, independentemente se são os alimentos mais ou os menos saudáveis.
Se conscientemente decidimos ter uma alimentação saudável e com menos calorias, as primeiras escolhas no Buffet são críticas! Se for preciso, comece pelo fim da mesa do buffet.
Fonte
- PLOS ONE - October 2013 | Volume 8 | Issue 10 | e77055

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Consequências de dormir tarde na adolescência

Parece que estamos cada vez dormindo mais tarde. Os apelos eletrônicos e sociais têm contribuído para uma alteração nos padrões de sono de uma população mundial cada vez mais cosmopolita. Esta alteração se mostra mais pronunciada na adolescência, onde as alterações hormonais e os conflitos emocionais são abundantes.
Estimativas nos Estados Unidos apontam que de 45% a 85% dos estudantes da sexta série do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio relatam dormir menos do que o recomendado e 44% deles referem dificuldade de se manter alerta durante as aulas. Evidências indicam que o sono é um importante fator de suporte para uma adequada função cognitiva e emocional. Em jovens, maior tempo e qualidade de sono são associados a um melhor desempenho escolar e menos distúrbios emocionais.
Com o objetivo de esclarecer e caracterizar os padrões de sono de adolescentes, um grupo de pesquisadores em psicologia da Universidade da Califórnia (EUA) realizou um estudo em uma amostra representativa de adolescentes americanos compreendendo um período de 8 anos. Um quarto dos adolescentes avaliados iam para a cama após as 23:30 hs no período escolar, dormindo menos que as 9 horas por noite preconizadas para se ter um bom descanso nesta faixa etária. Este grupo que dormia menos apresentou menor performance escolar e maiores dificuldades emocionais.
Um dos problemas é que a adolescência é um período de transição hormonal e, por isso, o indivíduo tem mais dificuldade de conciliar o sono mais cedo à noite (sem contar as distrações eletrônico-sociais). O adolescente não pode prolongar o sono pela manhã, tendo que acordar cedo devido às obrigações escolares, agravado pelas dificuldades de mobilidade urbana, que muitas vezes antecipam este horário de acordar. O resultado é um menor tempo de sono, em geral de pior qualidade devido às excitações pré-adormecer (luzes, sons, diálogos virtuais).
Biologicamente a adolescência é uma etapa de desenvolvimento de algumas regiões do cérebro associadas com funções executivas (como a habilidade de organizar o seu tempo e de prever consequências de seus atos), funções de controle emocional e funções de avaliação de comportamentos de risco e recompensa. Problemas de sono afetam essas funções.
O estudo, apesar de não provar uma relação de causa/efeito, serve como um importante indício que justifica uma abordagem preventiva.
Os especialistas em sono sugerem intervenções comportamentais simples, no intuito de reduzir os estímulos sensoriais e a fim de permitir um sono precoce. Jantar mais cedo, ir mais cedo para a cama, apagar as luzes, desligar os equipamentos... enfim, desconectar.
Mas lembre-se, todos na casa devem fazer isso.
Fonte
- Journal of Adolescent Health - hhttp://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.09.004

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Atividade física na velhice: nunca é tarde para começar

São bem conhecidos os benefícios da atividade física regular sobre a saúde e o bem-estar das pessoas no processo de envelhecimento, o que é chamado de envelhecimento saudável. No entanto, estes efeitos benéficos do exercício foram constatados em velhos que já se exercitavam desde a meia idade e pouco se sabia sobre o impacto da atividade física sobre a saúde de pessoas que iniciam a atividade física na velhice. Um novo estudo, recentemente publicado na revista científica British Journal of Sports Medicine, preenche esta lacuna.
A pesquisa analisou informações sobre a atividade física de 3454 homens e mulheres que estavam saudáveis no início do estudo em 2002/2003. A idade média dos participantes era em torno de 64 anos. O grupo foi acompanhado e avaliado em relação à atividade física e saúde por um período de oito anos. A atividade física foi categorizada em três grupos: inativos (sem atividade em pelo menos uma vez por semana); moderados (atividade moderada em pelo menos uma vez por semana) e vigorosos (atividade vigorosa ao menos uma vez por semana). As modificações de atividade física no decorrer do estudo foram enquadradas em quatro categorias: sempre inativo (desde o início do estudo); tornou-se inativo (era ativo no início e deixou de ser durante o estudo); tornou-se ativo (era inativo no início e tornou-se ativo durante o estudo); sempre ativo (iniciou ativo e continuou ativo durante o estudo). Envelhecimento saudável foi considerado aquele que não apresentou nenhuma doença crônica, depressão ou declínio acentuado da cognição ou condição física.
A análise dos resultados apontou dois aspectos conclusivos. O primeiro revela que os participantes ativos no início do estudo e que continuaram ativos tiveram probabilidade sete vezes maior de ter uma velhice saudável, comparados com os inativos. Apesar de esperado, chama atenção a magnitude do benefício produzido. O segundo aspecto, e talvez o mais interessante, é o de que, aqueles indivíduos que eram inativos no início do estudo, mas que durante o estudo tornaram-se ativos, também tiveram maior probabilidade (de três vezes) de um envelhecimento saudável.
Com os rápidos avanços na expectativa média de vida torna-se urgente a adoção de estratégias públicas e privadas de prevenção dos impactos negativos do envelhecimento. Os resultados deste trabalho indicam que medidas simples como o incentivo a programas de atividade física na meia idade e na velhice podem ser decisivos para o desenvolvimento de um envelhecimento de sucesso.
Se você estiver pelos 50 anos e não for ativo, é hora de começar, e se você já é dos 60, 70 ou mesmo dos 80 e é sedentário, não desanime, ainda é tempo!
Porém lembre, sempre que iniciar um programa de atividade física procure um médico para avaliação da sua saúde.
Fonte
- British Journal of Sports Medicine - 2013;0:1–6. doi:10.1136/bjsports-2013-092993

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Exercício físico combate a perda de libido provocada pelos antidepressivos em mulheres

Os antidepressivos compõem a principal forma de tratamento da depressão nos dias atuais. Dos efeitos colaterais produzidos pelos antidepressivos, um dos mais frequentes, principalmente em mulheres, é a alteração da função sexual. Estudos apontam que a maioria das mulheres (96%) que tomam antidepressivos relatam algum tipo de disfunção sexual. Além de reduzir a qualidade de vida, este efeito colateral diminui muito a aderência ao tratamento.
O exercício físico é um fator bem estabelecido na promoção da saúde e bem estar geral. Especificamente, o exercício melhora a função sexual em mulheres deprimidas que não tomam medicação. Em mulheres saudáveis, o exercício físico moderado antes de um estímulo sexual aumenta a resposta excitatória a este estímulo.
Baseado neste conjunto de observações foi realizada uma pesquisa para testar se o exercício físico poderia melhorar a função sexual em mulheres que tomam antidepressivos e sofrem os efeitos adversos desta medicação. O estudo avaliou 52 mulheres que tomavam antidepressivos e que apresentavam algum tipo de efeito colateral sobre a função sexual. As mulheres foram acompanhadas por nove semanas e instruídas a ter atividade sexual regular que consistia em atividade sexual com parceiro ou masturbação três vezes por semana. Após as primeiras três semanas as mulheres foram divididas em dois grupos, as mulheres de ambos os grupos continuavam a atividade sexual regular por mais três semanas, adicionando dois padrões de exercício. Um dos grupos realizava exercícios físicos em momentos distantes da atividade sexual, o outro grupo realizava os exercícios imediatamente após a atividade sexual. Após três semanas os grupos foram invertidos, e acompanhados por mais três semanas, fechando as nove semanas totais.
A análise dos resultados feita pelos pesquisadores demonstrou que as duas rotinas de exercícios (distante ou próximo da atividade sexual) mostrou um aumento no orgasmo em todas as mulheres. Além disso, o exercício imediatamente antes da atividade sexual produziu um grande aumento na libido e uma melhora na função sexual como um todo.
A conclusão do estudo é de que uma atividade sexual regular, associada a um programa de exercícios, pode ser uma ferramenta importante para a redução dos efeitos colaterais dos antidepressivos sobre a função sexual em mulheres.
Fonte
- Depression and Anxiety 00:1–8, 2013 - DOI 10.1002/da.22208

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Nova abordagem terapêutica cria esperanças para o tratamento da doença de Alzheimer

doença de Alzheimer é um tipo de demência que causa perda de memória, dificuldades de encadear os pensamentos e alterações comportamentais, sendo uma das maiores causas de declínio cognitivo em todo o mundo. Até agora nenhuma terapia ou medicamento tem se demonstrado efetivos no tratamento da doença como um todo, ou de alguns de seus aspectos, como o da perda da memória e diminuição da cognição.
Entretanto, pesquisadores da Universidade da Califórnia lançam agora uma perspectiva que pode dar uma esperança para mudar este quadro desalentador.
Resultados de um estudo piloto realizado em humanos foram publicados online no dia 27 de setembro na revista científica Aging. O estudo contou com a participação de 10 pacientes que apresentavam perda de memória associada com doença de Alzheimer ou a déficit cognitivo leve ou moderado. Os pacientes foram submetidos a uma abordagem terapêutica que não incluía medicamentos ou cirurgia. Cada paciente seguiu um programa de estilo de vida personalizado, porém, com vários elementos compartilhados. Entre eles, exercício físico regular, alto consumo de frutas e vegetais, eliminação de carboidratos simples da dieta, consumo de peixes (evitando os produzidos em criadouros), regramento do horário de refeições permitindo períodos de jejum entre elas, estabelecimento de padrões de sono regulares, estratégias de redução de estresse como ioga e meditação. Além disso, os participantes receberam uma variedade de vitaminas e complementos.
Nove dos dez pacientes apresentaram uma melhora objetiva ou subjetiva da cognição a partir de 3 a 6 meses do programa. Seis dos pacientes que haviam parado de trabalhar devido ao problema de memória puderam voltar às suas atividades.
Deve-se salientar que, apesar de animadores, estes são resultados de um pequeno estudo piloto e que estudos clínicos extensos são necessários para comprovar estas boas expectativas.
Há esperança que no futuro esta abordagem - que procura restabelecer um equilíbrio fisiológico do organismo - possa servir de um importante auxiliar das terapêuticas farmacológicas, que até agora, sozinhas, demonstraram-se ineficientes no tratamento da doença de Alzheimer.
Fonte
-AGING, September 2014, Vol. 6 No.9

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Uso excessivo de equipamentos de mídia está associado à alterações da estrutura cerebral

Nos últimos anos o desenvolvimento tecnológico tem nos oferecido um sem número de equipamentos eletrônicos que nos mantem cada vez mais conectados. Sao os computadores com a internet mais veloz, telefones celulares cada vez mais sofisticados, TVs enormes e com padroes de imagens irresistíveis, tablets em que você pode degustar um livro ou ler seu jornal predileto num click.
Boa parte desta parafernália é de grande auxílio, seja no trabalho, no lazer ou no estabelecimento de comunicações rápidas e relações sociais. No entanto, esta ultraconexão – que leva muitas pessoas a usarem vários equipamentos ao mesmo tempo e não conseguirem mais desgrudar deles, sob pena de sofrerem uma "síndrome de abstinência"– tem levantado alguns questionamentos por pesquisadores da área da saúde. Este comportamento de estar sempre conectado tem sido associado à consequências negativas tanto no aspecto psicossocial quanto no cognitivo e emocional.
No último dia 24 de setembro foi publicada na revista científica PLoS One, uma pesquisa que investigou uma possível associação entre padrões de uso de aparelhos de mídia e alterações estruturais em regiões cerebrais responsáveis pelo controle da cognição, memória e capacidade de planejamento e emoções. Os pesquisadores utilizaram um exame de imagem dinâmico chamado de Ressonância Magnética Funcional para examinar estruturas cerebrais de 75 pessoas com diferentes padrões de uso de equipamentos de mídia.
Os resultados revelaram que as pessoas que usam com mais frequencia múltiplos aparelhos de mídia, muitas vezes ao mesmo tempo, apresentam menor densidade na substância cinzenta em uma regiao do cérebro chamada de córtex cingulado anterior, quando comparados com pessoas que utilizam aparelhos ocasionalmente. Esta regiao é responsável pelos processos de controle do comportamento, cognição e emoções e é consistentemente associada com estados de depressão e bipolaridade.
O estudo não demonstra qual é o sentido da causalidade, ou seja, não prova se é o uso excessivo de equipamentos que leva a alterações estruturais desta região ou pessoas com estas alterações estruturais tendem a usar mais aparelhos de mídia. Apesar desta dúvida, estes resultados juntam-se a estudos prévios que mostram uma ligação do uso demasiado de equipamentos com ansiedadedepressão e desatenção.
Enquanto isto não é definitivamente esclarecido, seria prudente dar uma controlada no excesso de conexões.
O cérebro agradece!
Fonte
-PLoS ONE 9(9): e106698. September 2014 | Volume 9 | Issue 9 doi:10.1371/journal.pone.0106698

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Se você quer comer menos, não tenha pressa, coma devagar e veja com quem está comendo.

Dois novos trabalhos científicos revelam aspectos interessantes do ato de comer que podem ajudar quem deseja fazer controle de peso. Ambos os trabalhos foram publicados entre o final do mês passado e o início deste novo ano na revista Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.
O primeiro trabalho elabora uma revisão da literatura analisando 15 estudos que avaliam o comportamento alimentar. As evidências são consistentes com a idéia que o comportamento alimentar pode ser transmitido socialmente. A informação indicando que outras pessoas estão escolhendo alimentos de alta energia ou baixa energia aumenta a probabilidade da pessoa fazer uma escolha qualitativa similar. O mesmo se repete com a quantidade de comida. Pessoas que são informadas ou veem outros comer mais, têm maior probabilidade de comer mais também. Os pesquisadores concluem com isso que as escolhas alimentares estão associadas a uma identificação social.
O segundo trabalho avaliou o comportamento alimentar no que diz respeito à velocidade com que a pessoa ingere a comida. Foram avaliadas pessoas de peso normal e pessoas obesas ou com sobrepeso (a pessoa com sobrepeso é aquela que tem o índice de massa corporal de 25 a 30 e a pessoa obesa tem o índice de 30 a 35). Os participantes faziam uma refeição em condições tranquilas e relaxadas, sem preocupações com o tempo. Numa segunda experiência a refeição era feita numa situação de restrição de tempo em que o ambiente transmitia uma sensação de pressa.
Os dois grupos de pessoas consumiram menos na situação de refeição sem pressa, quando comparado com a refeição rápida. Entretanto, só nos grupos de peso normal a ingestão energética foi estatisticamente menor na refeição lenta. Pessoas de peso normal significativamente reduzem a ingestão calórica quando comem mais devagar. Ambos os grupos referiram menos fome passada uma hora da refeição lenta, comparada com a refeição rápida. E os de peso normal relatam uma maior sensação de saciedade com a refeição lenta. Esses dados comprovam que o tempo de refeição, principalmente para as pessoas de peso normal, tem grande impacto sobre o controle de peso.
O conjunto de resultados destes dois trabalhos pode servir como subsídios para a aplicação de estratégias de controle de peso. Tanto o tempo de refeição (a comida rápida do dia-a-dia agitado contra o sentar na mesa da refeição sem pressa), como a influência das pessoas com quem compartilhamos o momento da refeição são elementos que podem ser condicionados no sentido de realizarmos refeições mais saudáveis.
Fonte
  • - Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics doi: 10.1016/j.jand.2013.11.002
  • - Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics doi: 10.1016/j.jand.2013.11.009

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cafeína melhora a memória

Milhões de pessoas no mundo inteiro ingerem, diariamente, cafeína que é um componente de diversas bebidas como café, chá, refrigerantes, energéticos, e também de alguns medicamentos e alimentos. Efeitos benéficos deste composto já vêm sendo descritos na literatura médica, principalmente na melhora da atenção, alerta e no aumento da capacidade cognitiva. Por outro lado, potenciais danos à saúde causados pelo uso indiscriminado de grandes quantidades também têm sido demonstrados.
Agora, uma pesquisa, recentemente publicada na revista Nature Neuroscience, traz uma boa novidade sobre a cafeína. O estudo revelou que a ingestão da substância melhora a memória de longa duração (aquela que é guardada por períodos longos e é mais permanente, ao contrário da memória de curta duração e da memória de trabalho, que são estocadas por períodos muito curtos).
Os pesquisadores conseguiram dissociar o efeito positivo da cafeína diretamente sobre a memória, de outros efeitos da cafeína que poderiam, indiretamente, melhorar o desempenho do participante num teste de memória, como o aumento da atenção, vigilância e cognição. Isso foi feito empregando-se um tipo de experimento chamado de administração pós-estudo, em que a droga é administrada após o sujeito ter estudado o material que teria que recordar.
O estudo incluiu mais de 100 participantes, que visualizavam centenas de imagens comuns em um computador. Cinco minutos após, eles ingeriram diferentes doses de cafeína em tabletes. Os participantes retornavam 24 horas depois, e viam mais imagens de objetos. Eles deviam responder se as imagens eram as mesmas, se eram novas, ou semelhantes, às do dia anterior. As pessoas que ingeriram a dose de 200 miligramas de cafeína tiveram melhor desempenho do que aquelas que ingeriram placebo, ou 100 miligramas de cafeína. Doses mais altas que 200 miligramas não tiveram maior efeito.
Mas, quanto é 200 miligramas (mg) de cafeína nos cafés e chás do nosso dia-a-dia? Esta é uma pergunta difícil de responder, pois há uma gama enorme de padrões de industrialização e preparo das bebidas. Um espresso (do italiano: retirado sob pressão) tem de 40 a 75 mg de cafeína. Uma xícara de café passado (240 ml) tem de 95 a 200 mg. Uma xícara de chá preto tem de 14 a 60 mg e de chá verde de 24 a 40 mg de cafeína.
Desta maneira, podemos planejar nossos cafés e chás do dia pensando no que precisamos lembrar amanhã, salientando que a ingestão de cafeína até 6 horas antes de dormir pode prejudicar o sono, e o tiro pode sair pela culatra.
Vale lembrar que a Academia Americana de Pediatria recomenda que adolescentes não ingiram mais do que 100 mg de cafeína por dia, e que crianças não deveriam ingerir bebidas contendo cafeína.
Fonte
- Nature Neuroscience - online 12 January 2014; doi:10.1038/nn.3623